Agricultura 4.0: impacto e influência da tecnologia na gestão agrícola

Agricultura 4.0 é um termo sobre as grandes tendências do agronegócio, incluindo um maior foco na Agricultura de Precisão, a Internet das Coisas (IoT) e o uso de Big Data para gerar maior eficiência em decorrência ao aumento da população e mudanças climáticas.

A expressão surgiu em 2018, quando o World Government Summit publicou seu relatório chamado Agriculture 4.0 – The Future Of Farming Technology, em colaboração com Oliver Wyman. O relatório aborda os quatro principais desenvolvimentos que colocam pressão sobre a agricultura no futuro próximo:

  • Demografia;
  • Escassez de recursos naturais;
  • Mudanças climáticas;
  • Desperdício de alimentos. 

O relatório afirma que a demanda por alimentos está crescendo continuamente e que até 2050 aumentará a produção em 70%. De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), o mundo terá mais de 9 bilhões de habitantes e que, para atender à demanda dessa população por alimentos, será necessário produzir até 70% a mais de grãos, frutas, verduras e cereais, a fim de nutrir todos os países.

Sendo assim, como o Brasil é um dos maiores produtores mundiais de grãos e carnes segundo levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nós temos um importante papel no cenário previsto pela Agricultura 4.0.

Enquanto isso, a participação da agricultura no PIB global encolheu para apenas 3%, um terço da contribuição que tinha em apenas algumas décadas atrás, somando aproximadamente 800 milhões de pessoas em todo o mundo com fome, prevendo que cerca de 8% da população mundial, 650 milhões, estará subnutrida até 2030.

A realidade reflete em uma indústria que demanda por tecnologia que colabore com eficiência e resultados para combater a escassez de alimentos e a fome, problemas previstos para as próximas décadas. Por isso, o termo “Agricultura 4.0” está cada vez mais em alta.

Mas afinal, quais são as mudanças que isso significa para o futuro da agricultura? Continue a leitura e descubra!

O que é a Agricultura 4.0

Antes de iniciarmos o texto, vale ressaltar que a Agricultura 4.0, também conhecida como Agricultura Digital, é mais do que apenas um movimento. O termo começou a ser usado como um termo para o próximo passo à frente na agricultura: uma indústria mais inteligente e eficiente que faz uso total de Big Data e novas tecnologias para beneficiar toda a cadeia de suprimentos.

A introdução da Agricultura 4.0 produziu um novo termo para descrever as empresas que usam esse modelo novo e muito mais tecnificado: o Agritech. As empresas do setor estão adotando novas metodologias – como a Agricultura de Precisão, a Internet das Coisas (IoT) e o uso de Big Data – para produzir mais e melhor, com menos, em busca de aumentar o fornecimento de alimentos e reduzir o desperdício de forma sustentável. E para isso existem diversas práticas agrícolas, ferramentas, técnicas e tecnologias.

Segundo uma pesquisa do International Food Policy Research Institute, a utilização de novas tecnologias no agronegócio, podem aumentar os rendimentos das safras em até 67% e reduzir preços pela metade até 2050.

Os 4 pilares de sustentação da Agricultura 4.0

De acordo com o Grupo de Pesquisas e Tecnologias de Acesso a Dados (GPTAD), os quatro pilares que sustentam a Agricultura 4.0 são:

  • Gestão de dados do campo;
  • Produção otimizada por novas ferramentas e técnicas precisas;
  • Profissionalização do campo;
  • Sustentabilidade e eficiência produtiva.

Esses pilares têm como objetivo modernizar, simplificar e otimizar a produção no campo. Tudo isso para trazer diferenciais competitivos e lucro ao agronegócio.

De acordo com a GPTAD, para que esses pilares se sustentem, é preciso automatizar, utilizar tecnologia de ponta e analisar dados. O resultado é a melhora na produtividade agrícola e eficiência na utilização de insumos, ao mesmo tempo que aumenta a segurança dos trabalhadores, diminui os impactos ambientais e reduz custos.

Com o intuito de promover ações direcionadas para a Agricultura 4.0, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estabeleceram a criação da Câmara do Agro 4.0 (Decreto 9.854/2019) a fim de:

  • Promover ações para expansão da internet no campo; 
  • Aumentar de produtividade; 
  • Fomentar a tecnologias e serviços inovadores; 
  • Apoiar o posicionamento do Brasil como exportador de soluções de Internet das Coisas (IoT) para a agricultura.

Para isso, existem muitas soluções e tecnologias no mercado que podem facilitar as operações no campo, como gestão e apontamento de manejos, insumos e defensivos, fornecendo uma maior transparência dos processos e permitindo decisões baseadas em informações seguras. Um exemplo é a Rastreabilidade de Alimentos por meio de um sistema automatizado e o Rastreador do Campo

Os desafios de um alimento mais seguro

Segundo o chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Silvia Massruhá, “a tecnologia da informação é um caminho sem volta no mundo rural, que já vivência a chamada Agricultura 4.0, baseada na produção digital”. Para ela, “o Brasil tem se posicionado como um grande protagonista no emprego de tecnologias da informação voltadas ao campo”.  Para enfrentar esses desafios, será necessário um esforço conjunto de governos, investidores e tecnologias agrícolas inovadoras.

De acordo com o relatório citado no início desse artigo, a Agricultura 4.0 não dependerá mais da aplicação uniforme de água, fertilizantes e pesticidas em campos inteiros. A tendência é que agricultores utilizem quantidades mínimas necessárias e se concentrem em áreas muito específicas, em busca de um alimento mais seguro e de qualidade.

O relatório também afirma que fazendas e operações agrícolas terão que a agricultura do futuro usará tecnologias sofisticadas, como robôs, sensores de temperatura e umidade, imagens aéreas e tecnologia GPS. Esses dispositivos avançados, unidos à Agricultura de Precisão e sistemas robóticos permitirão que as fazendas sejam mais lucrativas, eficientes, seguras e ecologicamente corretas.

Novas tecnologias no Agronegócio

A Tecnologia da Informação (TI) já é realidade na cadeia produtiva de alimentos há alguns anos, impulsionando mudanças positivas e maior eficiência para centenas de indústrias – incluindo a agricultura. Os objetivos são muitos, mas um dos principais é aumentar a produtividade e a lucratividade das lavouras e, ao mesmo tempo, garantir uma maior sustentabilidade ambiental, ao mesmo tempo que fornece um alimento mais seguro e de qualidade à população.

Conheça cinco exemplos de tecnologias utilizadas no Agronegócio 4.0:

  • Agricultura de Precisão;
  • Big Data;
  • Internet das Coisas (IoT);
  • Drones;
  • Blockchain.

1. Agricultura de Precisão

As operações diárias em toda a cadeia agroalimentar geram grandes quantidades de dados que podem ser utilizados ​​para melhorar as atribuições específicas de elo, possibilitando um melhor desempenho e uma maior produtividade.

A Agricultura de Precisão pode identificar partes de uma propriedade, proporcionando um maior retorno sobre o investimento (ROI) e melhores resultados sustentáveis. Por meio do uso inteligente de dados, é possível aos agricultores entender melhor suas práticas de produção e entender quais mudanças podem gerar o maior valor, apoiado por uma tomada de decisão agrícola mais eficaz e mais imediata, seja reconhecendo ameaças de pragas mais cedo ou se preparando para eventos climáticos severos.

2. Big Data no agronegócio

A quantidade de dados gerados tem crescido de forma exponencial e é por isso que o Big Data, a área do conhecimento que estuda como tratar, analisar e obter informações a partir de conjuntos de dados grandes tem o potencial de transformar o setor agrícola oferecendo inúmeros benefícios, entre eles tornar a cadeia mais competitiva e lucrativa.

Por isso, cada vez mais fazendas entendem o valor de ser capaz de medir seu desempenho, adotando soluções que disponibilizam indicadores de desempenho personalizados de acordo com suas necessidades.

Clique para conhecer o painel de indicadores da PariPassu: Panorama.

3. Internet das Coisas (IoT) no campo

A Internet das Coisas (IoT) tem tido uma grande aceleração nos últimos anos, com dispositivos inteligentes se tornando mais prevalentes e cada vez mais capazes de compartilhar uns com os outros, possibilitando a integração de informações utilizando o mesmo conjunto de dados. Isso elimina a necessidade de inserir informações repetidamente em sistemas diferentes, reduzindo significativamente os custos financeiros e o tempo gastos com erros e aplicações desnecessárias.

Esses dispositivos podem incluir uma série de sensores que medem diversos parâmetros que afetam a evolução das culturas, como a umidade do solo, a temperatura ou a condutividade elétrica do solo. Todos esses dados permitem um acompanhamento em tempo real da situação das lavouras, bem como, por meio de modelos estatísticos que podem prever quando será necessária a irrigação ou utilização de defensivos em determinadas áreas.

4. Drones na agricultura

O uso de drones está começando a ser desenvolvido no setor da Agritech de várias maneiras. Um de seus usos mais comuns é a captura de imagens das lavouras. Essas imagens são posteriormente analisadas com programas que fornecem informações sobre como as lavouras estão evoluindo. Dessa forma, o agricultor sabe, por exemplo, quais áreas precisam ser regadas com mais intensidade, onde há mais ervas daninhas para efetuar a remoção ou até mesmo se há a presença de pragas.

Os drones também estão sendo utilizados como veículos de utilização e pulverização de defensivos em áreas específicas da fazenda ou mesmo plantas individuais. De acordo com o engenheiro eletricista Lúcio André de Castro Jorge, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), “haverá uma explosão nos próximos anos de novas tecnologias para pulverização não tripulada”.

5. Blockchain e rastreabilidade de alimentos

Blockchain também está em alta, criando um novo modo de interação na cadeia de alimentos: a confiança é estabelecida por consenso entre as partes e respaldada pela tecnologia, reduzindo a ineficiência e possibilitando a identificação de origem, processamento e destino dos produtos, detectando e evitando possíveis problemas de contaminação. Em outras palavras, a tecnologia consiste em ter acesso a um banco de dados distribuído e descentralizado para o registro de informações que não podem ser modificadas, gerando confiabilidade das informações.

Um exemplo prático é a utilização de Blockchain em tecnologias relacionadas à garantia da procedência dos alimentos, a rastreabilidade obrigatória pela Instrução Normativa Conjunta 02/2018 (INC 02/2018), a qual fornece dados a fim de disponibilizar um produto mais seguro ao consumidor final, atendendo demandas de compradores locais e internacionais, em casos de exportação. Isso possibilita uma maior visibilidade para todas as partes, levando a maiores resultados e maior confiança que, por sua vez, levará a retornos mais consistentes e maior lucratividade – em um cenário de melhor uso de recursos e menor impacto ambiental.

Saiba mais sobre o Rastreador PariPassu.

Abaixo você pode observar o mapa da tecnologia e maturidade de acordo com o relatório Agriculture 4.0 – The Future Of Farming Technology citado no início do texto:

Bem-vindo à era da Agricultura 4.0

Com a Agricultura 4.0, estamos aumentando a produtividade e confiabilidade da cadeia produtiva de alimentos, utilizando a tecnologia em busca de um alimento mais seguro, de qualidade e cumprindo as boas práticas de ESG (Environmental, Social and Governance – Ambiental, Social e Governança).

Vale ressaltar que a Agricultura 4.0 faz parte de uma cadeia cada vez mais consciente desde a produção, distribuição e disponibilização do produto ao consumidor final, adotando técnicas que aumentem a produtividade segura que reduzam os impactos ao seu entorno.

Fonte: Paripassu