No último dia 19 de dezembro, foi realizada a 3ª Etapa da Construção do Acervo, Exposição e debate sobre o Regimento Interno do Museu Indígena Pataxó de Coroa Vermelha, localizado no extremo sul da Bahia. O encontro contou com a presença da CONAFER – Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais Familiares, do ITT – Instituto Terra e Trabalho, das lideranças, anciãos, jovens, professores e grupos culturais da comunidade indígena pataxó e Universidade Federal Sul da Bahia (Campus Porto Seguro) por meio Projeto de extensão Reconstrução do Museu Indígena Pataxó de Coroa Vermelha.
O museu criado no contexto das “Comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil” foi inaugurado com uma exposição de curta duração, sem nenhum destaque aos anfitriões Pataxó. A referida exposição permaneceu em cartaz por aproximadamente 18 anos e tinha o encontro do europeu com o índio seu triunfo. Assim como na expografia, a pouca e controversa participação dos indígenas na criação deste museu marcam sua história, nenhuma das instituições envolvidas na idealização e criação do museu assumiu sua gestão posteriormente. O acervo sem o devido cuidado e tratamento se deixou a perder até que o museu é fechado em 2017. Por meio de recursos provenientes do governo do estado da Bahia foi possível no último ano realizar reformas nas instalações físicas, o que permitiu vislumbrar um outro museu diferente em conceito daquele posto pelo “Encontro do Descobrimento”.
Por meio Projeto de Extensão e Reconstrução do Museu Indígena Pataxó de Coroa Vermelha, foi possível propor um novo Regimento Interno, como explica Pablo Barbosa, professor da UFSB, pode ser considerado como um Registro de Nascimento do Museu nessa nova dinâmica e por isso o diálogo dentro da comunidade sobre esse documento é imprescindível. É um documento de orientações que mostra e norteia o funcionamento do museu, tais quais Diretoria, Conselho Consultivo, Setor Técnico, sobre acervo, empréstimo, visitação, entre outras disposições gerais. Este documento foi lido e comentado nesta ocasião do último dia 19 quando firmou-se que após incorporar as alterações propostas o documento receberia um dossiê apresentando todos os debates e reuniões até a proposta final. Se aprovado pelo conselho de caciques, o Regimento Interno do Museu Indígena Pataxó de Coroa Vermelha poderá ser registrado em cartório e tornará oficial essa nova fase do museu feita pelos próprios indígenas.
Para além deste importante debate, foi possível avançar no planejamento de 2023 para atividades de continuidade da composição do acervo e da exposição que entrará em cartaz nessa nova fase. Foram pensados quatro grupos de trabalho que pudessem desenvolver temas que se mostraram muito relevantes a partir da última oficina realizada em outubro. Os grupos fizeram listas de tarefas e se organizaram para possíveis editais culturais para o próximo ano.