Neste 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, uma peça fundamental, embora nem sempre visível, nesse quebra-cabeça é a agricultura familiar. Longe de ser apenas um setor produtivo, ela é um pilar para a segurança alimentar, a nutrição e a sustentabilidade ambiental, impactando diretamente a saúde das comunidades.
Organizações como a FAO e o FIDA têm dedicado iniciativas, como a Década da Agricultura Familiar (2014-2025), justamente para reconhecer e fortalecer esse papel crucial.
Alimento que Nutre, Ambiente que Cura
A principal conexão entre agricultura familiar e saúde reside na qualidade e diversidade dos alimentos. Frequentemente, são essas propriedades que abastecem os mercados locais com frutas, verduras e legumes frescos – a base de uma dieta nutritiva, essencial para a saúde em todas as fases da vida, e particularmente crítica durante a gestação e os primeiros anos de vida, como enfatiza o tema do Dia Mundial da Saúde deste ano, Inícios Saudáveis, Futuros Esperançosos.
Muitos agricultores familiares adotam práticas mais sustentáveis, como a agroecologia, que dispensam ou reduzem o uso de agrotóxicos, preservam a biodiversidade e cuidam da saúde do solo e da água. Isso não só resulta em alimentos potencialmente mais saudáveis, mas também contribui para um ambiente menos poluído, fator essencial para a saúde pública.
O Papel das Mulheres e o Saber Tradicional
No campo, as mulheres agricultoras são frequentemente as guardiãs da segurança alimentar da família e da comunidade. Elas não apenas trabalham na produção, mas muitas vezes gerenciam hortas domésticas diversificadas e preservam conhecimentos tradicionais sobre o uso de plantas medicinais, contribuindo para os cuidados primários de saúde no lar e na comunidade. Valorizar e apoiar essas mulheres é fundamental para garantir “inícios saudáveis” e fortalecer a resiliência local.
Desafios e Oportunidades no Brasil
No Brasil, a agricultura familiar tem um histórico de grande contribuição para o abastecimento interno. Dados de censos agropecuários passados indicavam alta participação em alimentos básicos. Análises mais recentes, como as baseadas no Censo Agropecuário de 2017, apontam para uma redução na participação percentual do valor da produção de alguns commodities tradicionais, refletindo mudanças estruturais no agronegócio.
No entanto, isso não diminui sua relevância. a importância da agricultura familiar vai além dos números de produção de commodities. Ela permanece vital na produção de alimentos para o mercado interno, especialmente em categorias como hortaliças e frutas, na manutenção da agrobiodiversidade e na ocupação econômica e social do espaço rural. Além disso, a crescente demanda por alimentos orgânicos e agroecológicos representa uma oportunidade para fortalecer esse segmento.
Um Investimento na Saúde Coletiva
No Dia Mundial da Saúde, reconhecer a agricultura familiar é entender que investir em políticas públicas que a fortaleçam – como acesso à terra, crédito, assistência técnica e mercados – é também investir na saúde pública. É apoiar sistemas alimentares mais curtos, diversificados e resilientes, capazes de fornecer alimentos nutritivos de forma sustentável.
Apoiar a agricultura familiar não é apenas uma questão econômica ou social, é uma estratégia de saúde. Ao garantir que esses produtores possam prosperar, contribuímos para dietas mais saudáveis, ambientes mais equilibrados e comunidades mais fortes, construindo as bases para os “futuros esperançosos” que o Dia Mundial da Saúde almeja.