Sistemas de integração Lavoura-Pecuária armazenam três vezes mais Carbono

Um estudo da Embrapa Arroz e Feijão, em Goiás, comparou o sistema de integração lavoura e pecuária (ILP) com o sistema de sucessão de cultura de grãos (soja-milho) em plantio direto e convencional. Os resultados mostraram que, ao longo de 20 anos, o sistema ILP apresentou um aumento de carbono retido no solo, com dois arranjos (ILP1 e ILP2) apresentando uma taxa de acúmulo de carbono no solo entre 0,60 e 0,90 tonelada por hectare ao ano. Esse valor é mais de três vezes maior do que os sistemas de sucessão entre soja e milho, que alcançaram uma taxa de acúmulo de carbono no solo em torno de 0,11 e 0,21 tonelada por hectare ao ano em plantio direto. O estudo foi realizado na Fazenda Capivara, em Santo Antônio de Goiás, e utilizou dados de plantio e manejo de área em ILP registrados desde 1990. A pesquisadora da Embrapa Beata Madari explicou que o resultado se deve à presença da forrageira braquiária, que ajuda a aumentar o estoque de carbono no sistema. O resultado sinaliza para a importância do manejo sustentável do solo para a preservação do meio ambiente e da segurança alimentar. O estudo foi comparado com a Iniciativa 4 por 1000 – solos em prol do clima e da segurança alimentar, que preconiza práticas sustentáveis de manejo do solo para o alcance de uma taxa média de acúmulo anual de carbono de 0,4% do estoque de carbono atualmente presente no solo.

Trabalho de simulação

O estudo valeu-se da série histórica de dados de plantio e manejo de área em ILP na Fazenda Capivara, pertencente à Embrapa e localizada em Santo Antônio de Goiás (GO). O banco de informações de manejo registrado desde 1990 abasteceu um modelo, conhecido por CQESTR, que simula o comportamento de carbono em solo de lavouras e é utilizado para projetar como diferentes práticas de manejo afetam a dinâmica do carbono. 

No trabalho, dois sistemas em ILP foram simulados dentro do CQESTR e repetidos ao longo do tempo de avaliação. O primeiro (ILP1) incluiu o cultivo do milho na safra de verão, seguido de quatro anos e meio de pastagem de braquiária. O segundo (ILP2) foi de soja na safra de verão, sucedida por pousio no primeiro ano, com posterior semeadura de arroz de terras altas, seguida de pousio novamente no segundo ano; e em sequência o plantio de milho com, por fim, três anos e meio de pastagem de braquiária. Em relação à sucessão de culturas (soja-milho), foram consideradas alternâncias de cultivos anuais no verão, assim como com períodos de pousio; ou ainda sucessões entre as duas culturas (safra e safrinha).

A pesquisadora da Embrapa Beata Madari é uma das responsáveis por esse trabalho. Ela contou que esse resultado vai ao encontro de outros estudos da área e pode ser explicado pela presença da forrageira braquiária, que apresenta forte enraizamento em profundidade no solo, o que, além de reciclar nutrientes, ajuda a aumentar o estoque de carbono no sistema pelo aporte de biomassa radicular e também aérea em sistemas ILP. Ainda segundo Madari, uma taxa de acúmulo de carbono de 0,9 tonelada por hectare ao ano surpreendeu os pesquisadores, pois trata-se de um valor alto levando em consideração a situação diagnosticada inicialmente nas condições da fazenda da Embrapa em Goiás, que apontou para um solo argiloso (mais de 50% de argila) e com teor entre baixo e médio de carbono, aproximadamente 2%.

Com informações da Embrapa