Tudo que você precisa saber sobre os sistemas de produção de ovos

Hoje, a maior parte dos ovos comercializados são oriundos de galinhas poedeiras criadas em sistema de confinamento intensivo, modelo no qual as aves são alojadas em gaiolas dentro dos galpões durante toda a sua vida produtiva.

Conhecendo as exigências das diversas linhagens das aves, oferecendo uma alimentação balanceada, ambiência controlada, programas de vacinações para garantir a saúde e diversos manejos atendendo as boas práticas de produção e tendo biosseguridade na granja, obtém-se uma ótima produção, aproveitando o máximo do potencial genético das aves.

O sistema de produção em gaiolas tem como vantagem a alta produtividade, pois é possível alojar um maior número de aves em um espaço menor, além disso, tem maior controle de doenças e melhor uniformidade do lote, facilita o manejo e melhora a qualidade dos ovos, com menor incidência de ovos sujos.

Esse sistema de produção em massa viabilizou o aumento do consumo e transformou o ovo em uma das principais fontes de proteína animal a um preço acessível a toda população brasileira, porém esse sistema de criação em gaiolas tem sido reconhecido como causador de prejuízos ao conforto físico e à expressão de comportamentos naturais das aves.

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Na União Europeia, e uma parte dos Estados Unidos, já foram aprovadas regulamentações que eliminam esses sistemas de alojamento. Inúmeras empresas do setor de alimentação comprometeram-se a eliminar gradativamente o uso e a venda de ovos produzidos em sistemas intensivos.

Essa tendência está influenciando os consumidores no Brasil, que estão mais preocupados com o bem-estar animal, pois acreditam que as galinhas precisam ficar soltas, ciscar, tomar banhos de areia, bater as asas, botar ovos em ninhos e andar livremente para expressar seu comportamento natural, e estão dispostos a pagar um pouco mais por um produto diferenciado como esse.

Desta forma, tecnologias de alojamento sem gaiolas para granjas comerciais de galinhas poedeiras estão se revelando uma oportunidade de negócios de grande potencial no Brasil, já que hoje mais de 95% das granjas ainda operam com sistemas convencionais. Assim, novos sistemas vêm sendo propostos para melhorar as condições de vida das aves.

Sistema cage free

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É o sistema de criação em que as aves são criadas soltas e não têm acesso ao pasto, ficando somente dentro dos galpões. A criação exige o cumprimento de padrões estabelecidos pela HFAC (Humane Farm Animal Care). A norma para a criação desse tipo de galinha poedeira é a base para a certificação pelo programa Certified Humane, que garante ao consumidor que os ovos realmente foram produzidos atendendo o bem-estar-animal.

As exigências estabelecidas na norma são aplicáveis a todas as fases de vida das galinhas. No entanto, algumas regras foram estabelecidas para a fase de recria, como a densidade máxima, que é determinada de acordo com a idade e o peso das aves, além disso, os animais devem ter acesso a poleiros a partir da 4a semana de idade, com espaço mínima de 7,5cm/ave.

Nesse sistema de alojamento cage free pode haver o risco de canibalismo. Embora as normas da ABNT não tratem do assunto, as regras para a obtenção do selo de bem-estar animal “Certified Humane” proíbem a debicagem, e a única medida permitida é o aparo de bico, desde que realizado antes dos 10 dias de idade, como medida preventiva.

A dieta deve ser balanceada de acordo com a idade, fase de produção e linhagem das aves. Fica proibido o uso de ingredientes de origem animal na ração, antibióticos preventivos ou promotores de crescimento, incluindo os coccidiostáticos. O uso da vacina nessa criação é permitido, e os antibióticos são liberados apenas para tratar doenças. Muda forçada através da privação de alimento também é proibida.

O galpão para alojar as aves deve ser bem conservado e sem saliências que possam ferir os animais. Para manter o ambiente adequado, devem ser controladas: a ventilação, temperatura e concentração de amônia. Deve fornecer o mínimo de 6 horas contínuas de escuro e 8 horas contínuas de luz, sendo a luz artificial desligada de maneira gradual.

Neste sistema alternativo, os ninhos devem estar disponíveis em uma proporção de 1 para cada 5 galinhas, quando for do tipo individual; ou 0.8 m2 de espaço de ninho coletivo para cada 100 aves. Os poleiros também são obrigatórios, com espaço correspondente a 15cm por ave.

Para galpões com piso único, a densidade animal deve ser de 0.14 m²/ave  (ou 7,1 ave/m²); com piso ripado (slat), a densidade máxima é de 0.11 m²/ave (ou 9,1 aves/m²); e para aviários com fileiras verticais, a densidade máxima é de 0.09 m²/ave (ou 11,1 aves/m²), assim ­as aves ficam livres para caminhar e expressar comportamentos naturais.

Sistema caipira

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Para a criação do sistema caipira, todos os critérios citados no sistema cage free devem ser cumpridos, além dos requisitos adicionais determinados pela Norma Técnica da ABNT NBR 16437:2016. A densidade dentro dos galpões para esse tipo de criação não pode ser superiora a 7 aves/m². Apesar do descanso, a nidificação e a alimentação ocorrerem, usualmente, dentro do galpão, porém os sistemas caipiras dão às aves a oportunidade de se exercitar ao ar livre.

De acordo com a Norma ABNT NBR 16437:2016, é o sistema de produção de ovos comerciais oriundos de galinhas caipiras (espécie Gallus gallus domesticus), com acesso a áreas de pastejo em sistema semiextensivo. Se as condições climáticas permitirem, elas devem ter acesso aos piquetes durante toda a fase de produção, serem soltas pela manhã e recolhidas ao final da tarde. A densidade máxima nesses locais é de 0.5 m²/ave.

A área externa deve conter bastante vegetação e áreas cobertas para proteger as aves de predadores. A altura mínima da cerca em volta do galpão deve ser de 1m, com afastamento mínimo entre ambos de 5m. A tela deve conter malha de pelo menos 2.54cm, protegendo o galpão do exterior.

Por legislação, a alimentação deve ser toda de origem vegetal, sem a utilização de óleos vegetais reciclados, e sem corantes e pigmentos sintéticos que costumam ser utilizados para acentuar a cor da gema nas criações convencionais, além disso, isenta de melhoradores de desempenho e anticoccidianos profilaticamente. Não é permitida a produção de alimentos para ruminantes no mesmo local em que se produz o alimento para as aves.

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Tudo que você precisa saber sobre os sistemas de produção de ovos

Artigo de Jessica Conteçote Russo, nutricionista de aves de postura na Agroceres Multimix.Agroceres Multimix26-Mar-2019 11:21 – Atualizado em 09/06/2021 10:31

Hoje, a maior parte dos ovos comercializados são oriundos de galinhas poedeiras criadas em sistema de confinamento intensivo, modelo no qual as aves são alojadas em gaiolas dentro dos galpões durante toda a sua vida produtiva.

Conhecendo as exigências das diversas linhagens das aves, oferecendo uma alimentação balanceada, ambiência controlada, programas de vacinações para garantir a saúde e diversos manejos atendendo as boas práticas de produção e tendo biosseguridade na granja, obtém-se uma ótima produção, aproveitando o máximo do potencial genético das aves.

O sistema de produção em gaiolas tem como vantagem a alta produtividade, pois é possível alojar um maior número de aves em um espaço menor, além disso, tem maior controle de doenças e melhor uniformidade do lote, facilita o manejo e melhora a qualidade dos ovos, com menor incidência de ovos sujos.

Esse sistema de produção em massa viabilizou o aumento do consumo e transformou o ovo em uma das principais fontes de proteína animal a um preço acessível a toda população brasileira, porém esse sistema de criação em gaiolas tem sido reconhecido como causador de prejuízos ao conforto físico e à expressão de comportamentos naturais das aves.

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Na União Europeia, e uma parte dos Estados Unidos, já foram aprovadas regulamentações que eliminam esses sistemas de alojamento. Inúmeras empresas do setor de alimentação comprometeram-se a eliminar gradativamente o uso e a venda de ovos produzidos em sistemas intensivos.

Essa tendência está influenciando os consumidores no Brasil, que estão mais preocupados com o bem-estar animal, pois acreditam que as galinhas precisam ficar soltas, ciscar, tomar banhos de areia, bater as asas, botar ovos em ninhos e andar livremente para expressar seu comportamento natural, e estão dispostos a pagar um pouco mais por um produto diferenciado como esse.

Desta forma, tecnologias de alojamento sem gaiolas para granjas comerciais de galinhas poedeiras estão se revelando uma oportunidade de negócios de grande potencial no Brasil, já que hoje mais de 95% das granjas ainda operam com sistemas convencionais. Assim, novos sistemas vêm sendo propostos para melhorar as condições de vida das aves.

Sistema cage free

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É o sistema de criação em que as aves são criadas soltas e não têm acesso ao pasto, ficando somente dentro dos galpões. A criação exige o cumprimento de padrões estabelecidos pela HFAC (Humane Farm Animal Care). A norma para a criação desse tipo de galinha poedeira é a base para a certificação pelo programa Certified Humane, que garante ao consumidor que os ovos realmente foram produzidos atendendo o bem-estar-animal.

As exigências estabelecidas na norma são aplicáveis a todas as fases de vida das galinhas. No entanto, algumas regras foram estabelecidas para a fase de recria, como a densidade máxima, que é determinada de acordo com a idade e o peso das aves, além disso, os animais devem ter acesso a poleiros a partir da 4a semana de idade, com espaço mínima de 7,5cm/ave.

Nesse sistema de alojamento cage free pode haver o risco de canibalismo. Embora as normas da ABNT não tratem do assunto, as regras para a obtenção do selo de bem-estar animal “Certified Humane” proíbem a debicagem, e a única medida permitida é o aparo de bico, desde que realizado antes dos 10 dias de idade, como medida preventiva.

A dieta deve ser balanceada de acordo com a idade, fase de produção e linhagem das aves. Fica proibido o uso de ingredientes de origem animal na ração, antibióticos preventivos ou promotores de crescimento, incluindo os coccidiostáticos. O uso da vacina nessa criação é permitido, e os antibióticos são liberados apenas para tratar doenças. Muda forçada através da privação de alimento também é proibida.

O galpão para alojar as aves deve ser bem conservado e sem saliências que possam ferir os animais. Para manter o ambiente adequado, devem ser controladas: a ventilação, temperatura e concentração de amônia. Deve fornecer o mínimo de 6 horas contínuas de escuro e 8 horas contínuas de luz, sendo a luz artificial desligada de maneira gradual.

Neste sistema alternativo, os ninhos devem estar disponíveis em uma proporção de 1 para cada 5 galinhas, quando for do tipo individual; ou 0.8 m2 de espaço de ninho coletivo para cada 100 aves. Os poleiros também são obrigatórios, com espaço correspondente a 15cm por ave.

Para galpões com piso único, a densidade animal deve ser de 0.14 m²/ave  (ou 7,1 ave/m²); com piso ripado (slat), a densidade máxima é de 0.11 m²/ave (ou 9,1 aves/m²); e para aviários com fileiras verticais, a densidade máxima é de 0.09 m²/ave (ou 11,1 aves/m²), assim ­as aves ficam livres para caminhar e expressar comportamentos naturais.

Sistema caipira

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Para a criação do sistema caipira, todos os critérios citados no sistema cage free devem ser cumpridos, além dos requisitos adicionais determinados pela Norma Técnica da ABNT NBR 16437:2016. A densidade dentro dos galpões para esse tipo de criação não pode ser superiora a 7 aves/m². Apesar do descanso, a nidificação e a alimentação ocorrerem, usualmente, dentro do galpão, porém os sistemas caipiras dão às aves a oportunidade de se exercitar ao ar livre.

De acordo com a Norma ABNT NBR 16437:2016, é o sistema de produção de ovos comerciais oriundos de galinhas caipiras (espécie Gallus gallus domesticus), com acesso a áreas de pastejo em sistema semiextensivo. Se as condições climáticas permitirem, elas devem ter acesso aos piquetes durante toda a fase de produção, serem soltas pela manhã e recolhidas ao final da tarde. A densidade máxima nesses locais é de 0.5 m²/ave.

A área externa deve conter bastante vegetação e áreas cobertas para proteger as aves de predadores. A altura mínima da cerca em volta do galpão deve ser de 1m, com afastamento mínimo entre ambos de 5m. A tela deve conter malha de pelo menos 2.54cm, protegendo o galpão do exterior.

Por legislação, a alimentação deve ser toda de origem vegetal, sem a utilização de óleos vegetais reciclados, e sem corantes e pigmentos sintéticos que costumam ser utilizados para acentuar a cor da gema nas criações convencionais, além disso, isenta de melhoradores de desempenho e anticoccidianos profilaticamente. Não é permitida a produção de alimentos para ruminantes no mesmo local em que se produz o alimento para as aves.

Sistema free range

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Quando criadas no sistema free range, se aplicam todas as exigências do cage free, porém, as aves ficam soltas no galpão e devem ter acesso diário a uma área externa, ao ar livre, por pelo menos 6 horas durante o dia, sempre que o clima permitir. O galpão serve de abrigo para que as aves se protejam do mau tempo e tenham um espaço seguro para dormir sem serem ameaçadas por predadores.

No galpão, estão disponíveis: alimentação, água, ninhos, poleiros e saídas laterais (com pelo menos 46cm de altura e 53cm de largura) para as áreas de pastejo. A densidade máxima é de 0.19 m²/ave, sendo que a distância máxima que a galinha deve andar a partir do perímetro da cerca até o alojamento deve ser de 366 metros.

 As normas de bem-estar animal determinam que o piso seja coberto com materiais como: maravalha, pó de pinus ou casca de arroz, apropriados para que as aves possam expressar seus comportamentos naturais, como tomar seus banhos de areia.  Exigem também o equivalente a 15 centímetros de poleiros para cada ave nos galpões de postura.

Os piquetes devem ser manejados visando evitar a sua degradação ou contaminação. Coberturas como: arbustos, árvores ou estruturas artificiais, devem estar distribuídas na área externa para reduzir as reações de medo das aves a predadores aéreos.

 As aves se alimentam com os nutrientes do pasto, que contêm alta quantidade de pigmentos naturais, os chamados “carotenoides”, desta forma, as aves põem ovos com gemas de cor mais intensa, o que agrada muito o consumidor.

Sistema orgânico

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O sistema de produção orgânico para aves produtoras de ovos é definido pela lei nº 10.831, de 23/12/2003 (BRASIL, 2003) e regulamentado principalmente pelas IN nº46 de 06/10/11 (BRASIL, 2011) e IN n°17 de 18/06/2014 (BRASIL, 2014) do MAPA.

A principal diferença entre os ovos caipiras e os orgânicos é a alimentação. A legislação permite que o produtor coloque até 20% de produtos convencionais na formulação da ração, mas não podem ser transgênicos e ainda é preciso pedir autorização do órgão certificador para poder utiliza-lo. Para as demais matérias-primas da ração (suplemento vitamínico/mineral, sal, calcário, fosfato, corantes, etc.) é necessário que o fornecedor esteja credenciado a alguma certificadora, como forma de controle.

Promotores de crescimento e antibióticos também não são permitidos em nenhuma hipótese, para garantir que o ovo chegue ao consumidor sem nenhum resíduo químico. Não é permitido procedimentos como a debicagem.

De modo geral, a criação de ovos em sistema orgânico exige um investimento inicial maior, quando comparado aos demais sistema de produção de ovos, porém tem tido um retorno considerável devido ao aumento da procura por alimentos sustentáveis e saudáveis.

Para aprovação do selo orgânico, o produtor deve apresentar certificado emitido por uma entidade certificadora terceirizada que segue parâmetros ditados pelo Ministério da Agricultura como, por exemplo, a “IBD Certificações”, uma empresa 100% brasileira que desenvolve atividades de inspeção e certificação agropecuária, de processamento e de produtos extrativistas, orgânicos e biodinâmicos.

MENUASSINE JÁPUBLICIDADEArtigo

Tudo que você precisa saber sobre os sistemas de produção de ovos

Artigo de Jessica Conteçote Russo, nutricionista de aves de postura na Agroceres Multimix.Agroceres Multimix26-Mar-2019 11:21 – Atualizado em 09/06/2021 10:31

Hoje, a maior parte dos ovos comercializados são oriundos de galinhas poedeiras criadas em sistema de confinamento intensivo, modelo no qual as aves são alojadas em gaiolas dentro dos galpões durante toda a sua vida produtiva.

Conhecendo as exigências das diversas linhagens das aves, oferecendo uma alimentação balanceada, ambiência controlada, programas de vacinações para garantir a saúde e diversos manejos atendendo as boas práticas de produção e tendo biosseguridade na granja, obtém-se uma ótima produção, aproveitando o máximo do potencial genético das aves.

O sistema de produção em gaiolas tem como vantagem a alta produtividade, pois é possível alojar um maior número de aves em um espaço menor, além disso, tem maior controle de doenças e melhor uniformidade do lote, facilita o manejo e melhora a qualidade dos ovos, com menor incidência de ovos sujos.

Esse sistema de produção em massa viabilizou o aumento do consumo e transformou o ovo em uma das principais fontes de proteína animal a um preço acessível a toda população brasileira, porém esse sistema de criação em gaiolas tem sido reconhecido como causador de prejuízos ao conforto físico e à expressão de comportamentos naturais das aves.

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Na União Europeia, e uma parte dos Estados Unidos, já foram aprovadas regulamentações que eliminam esses sistemas de alojamento. Inúmeras empresas do setor de alimentação comprometeram-se a eliminar gradativamente o uso e a venda de ovos produzidos em sistemas intensivos.

Essa tendência está influenciando os consumidores no Brasil, que estão mais preocupados com o bem-estar animal, pois acreditam que as galinhas precisam ficar soltas, ciscar, tomar banhos de areia, bater as asas, botar ovos em ninhos e andar livremente para expressar seu comportamento natural, e estão dispostos a pagar um pouco mais por um produto diferenciado como esse.

Desta forma, tecnologias de alojamento sem gaiolas para granjas comerciais de galinhas poedeiras estão se revelando uma oportunidade de negócios de grande potencial no Brasil, já que hoje mais de 95% das granjas ainda operam com sistemas convencionais. Assim, novos sistemas vêm sendo propostos para melhorar as condições de vida das aves.

Sistema cage free

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É o sistema de criação em que as aves são criadas soltas e não têm acesso ao pasto, ficando somente dentro dos galpões. A criação exige o cumprimento de padrões estabelecidos pela HFAC (Humane Farm Animal Care). A norma para a criação desse tipo de galinha poedeira é a base para a certificação pelo programa Certified Humane, que garante ao consumidor que os ovos realmente foram produzidos atendendo o bem-estar-animal.

As exigências estabelecidas na norma são aplicáveis a todas as fases de vida das galinhas. No entanto, algumas regras foram estabelecidas para a fase de recria, como a densidade máxima, que é determinada de acordo com a idade e o peso das aves, além disso, os animais devem ter acesso a poleiros a partir da 4a semana de idade, com espaço mínima de 7,5cm/ave.

Nesse sistema de alojamento cage free pode haver o risco de canibalismo. Embora as normas da ABNT não tratem do assunto, as regras para a obtenção do selo de bem-estar animal “Certified Humane” proíbem a debicagem, e a única medida permitida é o aparo de bico, desde que realizado antes dos 10 dias de idade, como medida preventiva.

A dieta deve ser balanceada de acordo com a idade, fase de produção e linhagem das aves. Fica proibido o uso de ingredientes de origem animal na ração, antibióticos preventivos ou promotores de crescimento, incluindo os coccidiostáticos. O uso da vacina nessa criação é permitido, e os antibióticos são liberados apenas para tratar doenças. Muda forçada através da privação de alimento também é proibida.

O galpão para alojar as aves deve ser bem conservado e sem saliências que possam ferir os animais. Para manter o ambiente adequado, devem ser controladas: a ventilação, temperatura e concentração de amônia. Deve fornecer o mínimo de 6 horas contínuas de escuro e 8 horas contínuas de luz, sendo a luz artificial desligada de maneira gradual.

Neste sistema alternativo, os ninhos devem estar disponíveis em uma proporção de 1 para cada 5 galinhas, quando for do tipo individual; ou 0.8 m2 de espaço de ninho coletivo para cada 100 aves. Os poleiros também são obrigatórios, com espaço correspondente a 15cm por ave.

Para galpões com piso único, a densidade animal deve ser de 0.14 m²/ave  (ou 7,1 ave/m²); com piso ripado (slat), a densidade máxima é de 0.11 m²/ave (ou 9,1 aves/m²); e para aviários com fileiras verticais, a densidade máxima é de 0.09 m²/ave (ou 11,1 aves/m²), assim ­as aves ficam livres para caminhar e expressar comportamentos naturais.

Sistema caipira

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Para a criação do sistema caipira, todos os critérios citados no sistema cage free devem ser cumpridos, além dos requisitos adicionais determinados pela Norma Técnica da ABNT NBR 16437:2016. A densidade dentro dos galpões para esse tipo de criação não pode ser superiora a 7 aves/m². Apesar do descanso, a nidificação e a alimentação ocorrerem, usualmente, dentro do galpão, porém os sistemas caipiras dão às aves a oportunidade de se exercitar ao ar livre.

De acordo com a Norma ABNT NBR 16437:2016, é o sistema de produção de ovos comerciais oriundos de galinhas caipiras (espécie Gallus gallus domesticus), com acesso a áreas de pastejo em sistema semiextensivo. Se as condições climáticas permitirem, elas devem ter acesso aos piquetes durante toda a fase de produção, serem soltas pela manhã e recolhidas ao final da tarde. A densidade máxima nesses locais é de 0.5 m²/ave.

A área externa deve conter bastante vegetação e áreas cobertas para proteger as aves de predadores. A altura mínima da cerca em volta do galpão deve ser de 1m, com afastamento mínimo entre ambos de 5m. A tela deve conter malha de pelo menos 2.54cm, protegendo o galpão do exterior.

Por legislação, a alimentação deve ser toda de origem vegetal, sem a utilização de óleos vegetais reciclados, e sem corantes e pigmentos sintéticos que costumam ser utilizados para acentuar a cor da gema nas criações convencionais, além disso, isenta de melhoradores de desempenho e anticoccidianos profilaticamente. Não é permitida a produção de alimentos para ruminantes no mesmo local em que se produz o alimento para as aves.

Sistema free range

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Quando criadas no sistema free range, se aplicam todas as exigências do cage free, porém, as aves ficam soltas no galpão e devem ter acesso diário a uma área externa, ao ar livre, por pelo menos 6 horas durante o dia, sempre que o clima permitir. O galpão serve de abrigo para que as aves se protejam do mau tempo e tenham um espaço seguro para dormir sem serem ameaçadas por predadores.

No galpão, estão disponíveis: alimentação, água, ninhos, poleiros e saídas laterais (com pelo menos 46cm de altura e 53cm de largura) para as áreas de pastejo. A densidade máxima é de 0.19 m²/ave, sendo que a distância máxima que a galinha deve andar a partir do perímetro da cerca até o alojamento deve ser de 366 metros.

 As normas de bem-estar animal determinam que o piso seja coberto com materiais como: maravalha, pó de pinus ou casca de arroz, apropriados para que as aves possam expressar seus comportamentos naturais, como tomar seus banhos de areia.  Exigem também o equivalente a 15 centímetros de poleiros para cada ave nos galpões de postura.

Os piquetes devem ser manejados visando evitar a sua degradação ou contaminação. Coberturas como: arbustos, árvores ou estruturas artificiais, devem estar distribuídas na área externa para reduzir as reações de medo das aves a predadores aéreos.

 As aves se alimentam com os nutrientes do pasto, que contêm alta quantidade de pigmentos naturais, os chamados “carotenoides”, desta forma, as aves põem ovos com gemas de cor mais intensa, o que agrada muito o consumidor.

Sistema orgânico

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O sistema de produção orgânico para aves produtoras de ovos é definido pela lei nº 10.831, de 23/12/2003 (BRASIL, 2003) e regulamentado principalmente pelas IN nº46 de 06/10/11 (BRASIL, 2011) e IN n°17 de 18/06/2014 (BRASIL, 2014) do MAPA.

A principal diferença entre os ovos caipiras e os orgânicos é a alimentação. A legislação permite que o produtor coloque até 20% de produtos convencionais na formulação da ração, mas não podem ser transgênicos e ainda é preciso pedir autorização do órgão certificador para poder utiliza-lo. Para as demais matérias-primas da ração (suplemento vitamínico/mineral, sal, calcário, fosfato, corantes, etc.) é necessário que o fornecedor esteja credenciado a alguma certificadora, como forma de controle.

Promotores de crescimento e antibióticos também não são permitidos em nenhuma hipótese, para garantir que o ovo chegue ao consumidor sem nenhum resíduo químico. Não é permitido procedimentos como a debicagem.

De modo geral, a criação de ovos em sistema orgânico exige um investimento inicial maior, quando comparado aos demais sistema de produção de ovos, porém tem tido um retorno considerável devido ao aumento da procura por alimentos sustentáveis e saudáveis.

Para aprovação do selo orgânico, o produtor deve apresentar certificado emitido por uma entidade certificadora terceirizada que segue parâmetros ditados pelo Ministério da Agricultura como, por exemplo, a “IBD Certificações”, uma empresa 100% brasileira que desenvolve atividades de inspeção e certificação agropecuária, de processamento e de produtos extrativistas, orgânicos e biodinâmicos.

Conclusão

Mesmo com tais inovações, a criação em gaiolas continua sendo a forma mais econômica de produzir ovos, assim como tem se mostrado a melhor forma de prevenir enfermidades.

As galinhas podem passar por estresse em todos os tipos de alojamento e nenhum deles é capaz de suprir todos os parâmetros de bem-estar. O gerenciamento de cada tipo de sistema de criação tem um efeito considerável no bem-estar das aves e a combinação correta de alojamento, alimentação e condições de manejo, são essenciais para otimizar o conforto das aves e a produção.

Para mais conteúdo sobre o tema, confira a live na TV Gessulli sobre galinhas criadas livres de gaiolas: bem-estar e orientações técnicas, com pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves, Paulo Abreu e Helenice Mazzuco.

Fonte: Avicultura Industrial