Sistema de produção de alimentos associado à conservação florestal promove benefícios econômicos e ecológicos
Agrofloresta é um sistema de produção inspirado na dinâmica dos ecossistemas naturais, nos quais espécies florestais perenes são plantadas junto com cultivos agrícolas e criações de animais.
É um sistema produtivo que concilia a produção de alimentos com a recuperação de áreas degradadas, promovendo benefícios econômicos e ecológicos. Tudo isso com o objetivo de construir um novo paradigma produtivo que não se baseia somente na monocultura, como ocorre hoje.
As principais vantagens da agrofloresta frente à agricultura convencional são a recuperação da fertilidade dos solos, com redução de erosão, aumento da infiltração de água, e consequentemente, a conservação de rios e nascentes.
Destaca-se ainda o aumento da diversidade de espécies, privilegiando o controle natural de pragas e doenças, e a diversificação da produção, de modo que o agricultor não dependa de um só mercado, entre outros benefícios.
“Essa integração entre floresta, agricultura e criação de animais oferece um caminho para enfrentar os maiores desafios do planeta, incluindo a degradação de solos agricultáveis e as mudanças climáticas, mitigando o risco de colapso dos sistemas produtivos”, detalha Valter Ziantoni, um dos fundadores da PretaTerra, iniciativa que se dedica à disseminação de sistemas agroflorestais regenerativos.
Paula Costa é a outra fundadora da TerraPreta e trabalha há mais de 30 anos com sistemas agroflorestais ao lado de Valter. Ela ressalta que as agroflorestas são sistemas antropogênicos milenares que, em alguma instância, replicam ciclos ou disposições naturais, no tempo e no espaço, agregando plantas perenes lenhosas a arranjos produtivos integrados, pastoris ou agrícolas.
“Agroflorestas promovem maior diversidade biológica e resiliência ecológica e contribuem com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) elaborados pela ONU, que devem ser implementados por todos os países do mundo até 2030”, salienta Paula.
Existem inúmeros arranjos e composições de sistemas agroflorestais no mundo. No Brasil, alguns dos principais são agrossilviculturais, que combinam árvores (silvicultura) com cultivos agrícolas anuais ou perenes; silvipastoris, que unem árvores e pastagens (animais) e os sistemas de enriquecimento de capoeiras com espécies de importância econômica (a cabruca).
Paula explica que os sistemas se aplicam a todos os biomas brasileiros e a diferentes maneiras de produção, desde a agricultura familiar, de pequena escala ou artesanal, até o cultivo de grandes culturas, mais tecnificadas e mecanizadas, em grande escala.
“Acreditamos em uma cadeia produtiva inclusiva, transparente e distribuída, na qual o produtor seja dignamente recompensando pelo trabalho, a sociedade compreenda o seu valor e o preço do produto final seja acessível a todas as esferas sociais”, explica Paula.
“Cremos ainda na diminuição do uso da energia e de desperdícios na produção, colheita, armazenamento, beneficiamento e distribuição de alimentos. Mas, sobretudo, vislumbramos uma soberania alimentar nacional através de uma agricultura integrada, tecnológica e de cunho agroflorestal em essência”, complementa a engenheira florestal.
Fonte: Ciclo Vivo